Monday, February 13, 2012

Uma segunda-feira para chamar de sua.

Woody Allen & The Eddy Davis Jazz Band at the Carlyle Hotel. Foto:Nathan Kelly
Amanhã é segunda-feira, aquele dia tão temido da semana. Como nasci numa delas (no histórico Hospital Regional da Asa Sul), venho mostrar a todos que, em Nova York, o tão injustiçado começo-de-semana pode ser sinônimo de entretenimento, boa música e encontros imediatos com mitos do cinema. No distinto Upper East Side, de 09 de Janeiro a 18 de Junho, somente às segundas-feiras, Woody Allen toca jazz em sua clarineta com a The Eddy Davis New Orleans Jazz Band, e qualquer um que possa desembolsar um cover artístico de $95,00 dólares terá uma segunda-feira inesquecível e digna de chamar de sua.

O Café Carlyle fica localizado no The Carlyle Hotel, no Upper East Side. O show começa às 20:45. O valor de $95,00 dólares é apenas para os que preferirem ficar no bar do Café (opção mais econômica, porém com vista menos privilegiada da banda). Quem preferir viver a experiência completa e sentar numas das mesas próximas aos músicos deve desembolsar $135,00 dólares. Existem ainda opções de $185,00 dólares para as mesas premium (primeira fila).

Nova York, locação de tantos clássicos do cinema mundial, é democrática ao oferecer seus sons, luzes e cores para a cenografia de personagens involuntários. Com curiosidade e uma câmera na mão, as mais diversas interações ocorrerão na frente de seus olhos (lentes) como se você estivesse fazendo parte de um roteiro improvisado. Como Woody Allen, qualquer um pode utilizar Nova York como sua locação e dirigir os milhões de figurantes que fazem dessa cidade um filme para chamar de seu.

Pela quantidade de câmeras que vejo balanceando em pescoços apressados, sinto que todos que caminham pelas ruas de Nova York têm a mesma impressão: a qualquer minuto algo fantástico pode acontecer, e é melhor sempre estar preparado para virar testemunha ocular. Quantas vezes, ao caminhar e ver um clipe musical sendo gravado, ou uma cena de filme de aventura com carros explodindo e pessoas correndo, não pensei: "Por quê eu não estou com a minha câmera agora!" Em Nova York, faça como meu primeiro amigo visitante, André Catuaba: filme, fotografe, edite, guarde, edite novamente e crie sua declaração de amor à cidade que, como toda diva, não cansa de ser homenageada.

Link para o calendário de atrações do Café Carlyle: 
http://www.rosewoodhotels.com/en/carlyle/dining/entertainment_calendar/



Vídeo de NYC feito por André Catuaba, amigo Brasiliense, em 2010. 


Pequena Brasília em Nova York

Time Square vista do Empire State Building. Foto:Nina Raquel
Nova York, a capital do mundo por mérito e auto-definição. Uma cidade sem problemas de auto-estima, que se reinventa e se redefine na mesma velocidade em que cria suas tendências propagadas mundo afora. Uma acolhedora teia de idéias que inspira e promove tudo que é artístico e inovador e que não julga nem menospreza nenhum nível de diferença. Uma teia que recebe e arremessa tudo (e todos) que têm a sorte de se emaranhar em suas ruas, em suas intervenções culturais, em suas expressões e manifestações de todas as minorias e maiorias que coexistem em uma movimentada harmonia.
Nova York é conhecida como o "melting-pot" dos Estados Unidos, que traduzido literalmente, significa um pote utilizado para fundir. Aqui tudo se funde e se mistura. Qualquer um pode ser visto e ouvido e, na dúvida, somos todos potenciais vencedores na batalha que viemos travar em cenário nova-iorquino. 
Uma cidade às vezes assustadora, fria, um leque de atrações constantemente agitado por mãos hiperativas, neóns incessantes, Nova York é definitivamente muita informação. Para uma Brasilense nata acostumada a ver pores-do-sol e tudo plano, a contar cristais nas trilhas para as cachoeiras, a sempre rever rostos familiares pelos pontos da cidade e sempre ser amiga-do amigo-do amigo, Nova York teve que ser absorvida aos poucos. Ao reencontrar e fazer novos amigos e ao descobrir as particularidades e curiosidades que só essa cidade têm, encontrei minha paz nessa selva de pedra e descobri que as minhas duas capitais são na verdade complementares.

Pôr-do-Sol, Brooklyn. Foto: Nina Raquel
Essa coluna começará com a minha primeira curiosidade inconsciente de recém-chegada. Como eu sabia que viria por tempo indeterminado e cheguei no outono-inverno, o que mais me atraia em Nova York era tentar encontrar o que me pudesse ser familiar. Sei que nao há muita lógica em se buscar um pouco do que se acaba de deixar para trás, mas eu sabia que se eu achasse um pedaço de casa em algum lugar ou alguém por aqui, a saudade (e o inverno) não seriam tão duros e todas as novidades que Nova York carrega em si e que estavam guardadas para mim, poderiam ser absorvidas sem olhares para trás. Comecei a morar com amigas Brasilienses que viraram minha família local, além de ter tido a sorte de fazer amigos de Brasília que também escolheram Nova York como lar. Nos divertimos ao garimpar os segredos da cidade, nos ajudamos nos momentos em que domingo à noite é domingo à noite em qualquer parte do mundo, nos informamos sobre tudo de interessante que está acontecendo e, juntos, usamos do mesmo acaso que nos trouxe para cá para aproveitar essa cidade que também tem lindos pores-do-sol aonde arranhas-céus ainda não foram construídos. Ver o céu aberto de Nova York sem ter que olhar para cima ou para baixo acalma o coração de qualquer Brasiliense que cresceu olhando pra frente. Quem vem da Capital do Terceiro Milênio, tem olhos acostumados com o original, e Nova York não decepciona sobre ângulo nenhum. Com vocês, a capital do Mundo, aos olhos de quem veio da nossa Capital:
  
Flávia Menusso
A Brasiliense Flávia Menusso tem 39 anos, é casada com um Brasileiro e trabalha no escritório da Burberry em Nova York, onde cuida da parte de vendas online e atendimento ao consumidor. Ela chegou em Nova York em 2005, com o objetivo de fazer um mestrado em educação. Formada pela UNB em Letras - licenciatura em língua inglesa, seu sonho sempre foi estudar fora do Brasil. Chegou na costa-leste Americana sem matrícula em nenhuma faculdade e com visto de turista. Após escolher fazer um mestrado em tecnologia da educação na Pace University, conseguiu um visto de estudo e se formou em 2007. Seu plano inicial era terminar seu curso e voltar para Brasília, mas em 2006, durante seu mestrado, conheceu seu futuro marido, Marcelo. O plano de voltar para Brasília foi adiado e ela resolveu fazer sua vida em Nova York. A empresa de seu marido fez a solicitação de green card para ambos, o que permitiu que Flávia conseguisse um emprego na cidade.  
Segundo Flávia, "Nova York é uma cidade incrível, me fez ficar pelo meu marido e também pelo desafio. Cidade multi-cultural, aqui tem gente de todo planeta! Só no meu círculo de amigos, posso contar no mínimo dez nacionalidades diferentes: Argentina, Polônia, Rússia, Israel, China, Japão, Itália, Grécia, Inglaterra, Coréia, Croácia, e por aí vai...Tem até Finlândia! O barato disso tudo é a lingua unificadora: minha paixão, o inglês."
Quando perguntei sobre o que a impressiona em NY, Flávia respondeu "a segurança, os restaurantes, as opções de lojas, lazer e cultura são infinitas. Aqui fora a gente aprende a respeitar o trabalho braçal, manual. Nova York valoriza tanto esses serviços que paga para uma babá entre $15-$20 dólares por hora, uma diarista recebe $100 dólares por diária, mais a gorjeta que é de quase 20% em restaurantes, cabeleireiros, manicure, e até taxistas! Com essa valorização, quando volto ao Brasil, trato os prestadores desses serviços com ainda mais respeito do que antes. Essa capital do mundo ensina! Ensina a pensar nos outros, a esperar sua vez, a respeitar o espaço dos demais, a valorizar o silêncio no metrô, a ser mais educado e tantas outras coisas que a gente só percebe que precisa melhorar quando mora aqui". 

Victor Castelo
Victor Castelo iniciou seus estudos em música aos oito anos na Escola de Brasília, e desde então vem se dedicando a área. Em Brasília, fez parte do Coro Sinfônico Comunitário, com o qual se apresentou no Carneggie Hall de Nova York. Fez parte de vários grupos corais e bandas de Brasília. Em São Paulo, graduou-se em composição popular na Faculdade Santa Marcelina; foi diretor musical e cantor da Cantando na Chuva criações artísticas. Atualmente ele possui visto de estudante e faz seu mestrado em composição no Brooklyn College.
Quando perguntei sobre o que o fez se decidir por Nova York, Victor explicou "Vim por uma paixão há um ano e meio atrás, mas o mestrado me estabilizou aqui. O visto de estudante foi relativamente fácil de conseguir, uma vez que, depois de aceito na faculdade, a parte burocrática não foi pior do que eu esperava."
Quando perguntado sobre o que o impressiona em Nova York Victor disse "Nova York é uma cidade interessante porque diversas culturas co-habitam aqui. Para mim é muito interessante me deparar com gente de lugares tão distintos do mundo a cada esquina. É uma cidade à parte da cultura americana em diversos sentidos, mesmo estando conectada ao modo de vida americano. É uma cidade cara, mas que tem opções infinitas de restaurantes, arte e lazer. O transporte é incrível, pode-se chegar à muitos lugares de mêtro e o táxi nao é muito caro."